segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A Eternidade de Deus

A eternidade de Deus pode ser definida assim: Deus não tem princípio nem fim nem sucessão de momentos no seu próprio ser, e percebe todo o tempo com igual realismo; ele, porém, percebe os acontecimentos no tempo e age no tempo.
Às vezes essa doutrina é chamada doutrina da infinitude de Deus com respeito ao tempo. Ser "infinito" é ser "ilimitado", e a doutrina ensina que o tempo não impõe limites a Deus.
Essa doutrina está também associada à imutabilidade de Deus. Se é verdade que Deus não muda, então necessariamente devemos dizer que o tempo não muda a Deus: não tem efeito sobre seu ser, suas perfeições, seus propósitos e suas promessas. Então, isso significa que o tempo não exerce influência, por exemplo, sobre o conhecimento divino. Deus jamais aprende coisas novas nem nada esquece, pois isso significaria uma mudança no seu conhecimento perfeito. Isso implica também que a passagem do tempo nada acrescenta nem nada subtrai ao conhecimento de Deus: ele conhece todas as coisas passadas, presentes e futuras, e as conhece com igual realismo.
Deus é eterno no seu próprio ser. O fato de Deus não ter princípio nem fim está explícito em Salmos 90.2: "Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus'. Do mesmo modo, em Jó 36.26, Eliú diz sobre Deus: “... o número dos seus anos não se pode calcular”.
A eternidade de Deus é também afirmada por passagens que abordam o fato de que Deus sempre é ou existe. "Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-poderoso" (Ap 1.8; 4.8).
Também está indicada no ousado uso por parte de Jesus, quando de uma resposta aos seus adversários judeus, de um verbo no tempo presente que sugere contínua existência presente: ‘‘Antes que Abraão existisse, Eu Sou” (Jo 8.58). Essa afirmação é em si mesma uma explícita afirmação do nome de Deus,  “Eu Sou o Que Sou!”, de Êxodo 3.14, nome que também implica contínua existência presente: Deus é o eterno "Eu Sou", aquele que existe eternamente.
O fato de Deus jamais ter começado a existir pode também ser deduzido da verdade de que Deus criou todas as coisas e de que ele é um espírito imaterial. Antes que Deus fizesse o universo, não havia matéria, mas então ele criou todas as coisas (Gn 1.1; Jo 1.3; 1Co 8.6; Cl 1.16; Hb 1.2). O estudo da física nos diz que a matéria, o tempo e o espaço precisam ocorrer ao mesmo tempo: se não há matéria, não pode haver nem espaço nem tempo. Assim, antes que Deus criasse o universo, não havia "tempo", pelo menos não no sentido de uma sucessão de momentos. Portanto, quando Deus criou o universo, também criou o tempo. Quando Deus começou a criar o universo, o tempo começou, e começou a haver uma sucessão de momentos e acontecimentos encadeados. Mas antes de haver um universo, e antes de haver o tempo, Deus sempre existiu, sem princípio e sem ser influenciado pelo tempo. E o tempo, portanto, não tem existência por si mesmo, mas, como o resto da criação, depende do eterno ser divino e do eterno poder divino para continuar existindo.
Deus percebe todo o tempo com igual realismo. É em certo sentido mais fácil para nós compreender que Deus percebe todo o tempo com igual realismo. Lemos em Salmos 90.4: “Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a vigília da noite”. 
Às vezes temos dificuldade para relembrar acontecimentos ocorridos há algumas semanas, meses ou anos. Lembramos acontecimentos recentes com mais realismo, e a clareza da nossa memória se esvai com o passar do tempo. Ainda que nos fosse possível viver "mil anos", lembraríamos bem poucos acontecimentos ocorridos centenas de anos antes, e a clareza dessa lembrança seria bem pouco nítida. Mas aqui as Escrituras nos dizem que Deus percebe mil anos “como o dia de ontem”. Ele consegue se lembrar detalhadamente de todos os acontecimentos de mil anos atrás com clareza pelos menos tão nítida como quando recordamos os eventos de "ontem". De fato, para ele mil anos são como “a vigília da noite”, o período de três ou quatro horas durante o qual uma sentinela deveria vigiar. Tal período de tempo passava rápido e todos os acontecimentos eram facilmente relembrados. 
Porém, é assim que Deus percebe um período de mil anos.
Quando percebemos que a expressão "mil anos" não subentende que Deus esquece as coisas após 1100 ou 1200 anos, mas antes exprime um tempo tão longo quanto se possa imaginar, fica evidente que Deus enxerga toda a história passada com grande clareza e realismo: todo o tempo desde a criação é para Deus como se tivesse acabado de acontecer. E sempre terá na consciência de Deus a mesma clareza, ao longo dos milhões de anos da futura eternidade.
No Novo Testamento, Pedro nos diz: "... para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia" (2Pe 3.8). A segunda metade dessa afirmação já fora feita no Salmo 90, mas a primeira introduz uma consideração a mais: "um dia é como mil anos", ou seja, qualquer dia, do ponto de vista divino, parece durar "mil anos". É como se esse dia jamais terminasse, mas estivesse sempre sendo vivido. Novamente, como "mil anos" é uma expressão figurada que exprime "um tempo tão longo quanto se possa imaginar", ou "toda a história", podemos dizer com base nesse versículo que qualquer dia parece a Deus estar eternamente presente na sua consciência.
Juntando as duas considerações, podemos dizer o seguinte: do ponto de vista de Deus, qualquer período extremamente longo de tempo é como se tivesse acabado de acontecer.
E qualquer período muito curto de tempo (um dia, por exemplo) para Deus parece durar para sempre: jamais deixar de ser "presente" na sua consciência. Assim, Deus vê e conhece todos os eventos passados, presentes e futuros com igual realismo. Isso não nos deve fazer pensar que Deus não vê os eventos no tempo nem age no tempo, mas justamente o contrário: Deus é o Senhor e Soberano eterno da história, vendo-a com mais clareza e nela agindo mais decisivamente do que qualquer outro. Mas, tendo dito isso, ainda precisamos afirmar que esses versículos falam da relação de Deus com o tempo de um modo que não experimentamos, nem podemos experimentar; a experiência divina do tempo não é apenas um paciente suportar de éons de duração infinita; antes, ele tem uma vivência qualitativamente distinta do tempo em comparação conosco. Isso é compatível com a ideia de que no seu próprio ser, Deus é eterno; não experimenta uma sucessão de momentos. Essa tem sido a visão dominante da ortodoxia cristã ao longo da história da igreja, embora tenha sido muitas vezes desafiada, e mesmo hoje muitos teólogos a neguem.
Sempre existiremos no tempo. Será que algum dia participaremos da eternidade de Deus? Especificamente, no novo céu e na nova terra que hão de vir, será que o tempo ainda existirá? Alguns supõem que não. E lemos nas Escrituras: ''A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada [...] porque, nela, não haverá noite" (Ap 21.23, 25; cf. 22.5).
No entanto, não é verdade dizer que o céu será "intemporal" ou alheio à presença do tempo ou à passagem do tempo. Antes, como somos criaturas finitas, necessariamente experimentaremos os acontecimentos uns após os outros. Mesmo a passagem que fala sobre a inexistência da noite no céu também menciona o fato de que os reis da terra levarão à cidade celeste "a glória e a honra das nações" (Ap 21.26). Lemos a respeito da luz da cidade celeste: ''As nações andarão mediante a sua luz" (Ap 21.24). Essas atividades de levar coisas até a cidade celeste e andar mediante a luz da cidade celeste implicam que os acontecimentos vêm uns após os outros. Algo está fora da cidade celeste e, depois, num momento posterior do tempo, essa coisa faz parte da glória e da honra das nações levadas até a cidade celeste. O ato de depositar a coroa diante do trono de Deus (Ap 4.10) exige que num momento a pessoa esteja com a coroa e, num momento posterior, essa coroa seja depositada diante do trono. O ato de entoar um novo cântico de louvor perante Deus no céu exige que uma palavra seja cantada depois da outra. De fato, lemos que a "árvore da vida" da cidade celeste dá "o seu fruto de mês em mês" (Ap 22.2), o que implica uma passagem regular de tempo e a ocorrência dos eventos no tempo.
Portanto, ainda haverá uma sucessão de momentos encadeados, e as coisas continuarão a acontecer umas após as outras no céu. Experimentaremos vida eterna não numa exata reprodução do atributo divino da eternidade, mas antes numa duração infindável de tempo; nós, como povo de Deus, vivenciaremos plenitude de alegria na presença de Deus por toda a eternidade - não no sentido de que já não experimentaremos o tempo, mas sim no sentido de que nossa vida com ele continuará para sempre: "Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos" (Ap 22.5).
Um pouco mais problemático é o status de Jesus como deidade, ainda que a Escritura também o identifique como Deus. Uma referência chave à deidade de Cristo Jesus é encontrada em Filipenses 2. Ao que tudo indica, nos versículos 5-11, Cristo toma o que era um hino da igreja primitiva e o usa como base para pedir aos leitores que pratiquem a humildade. Paulo observa que “ele [Jesus], subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus” (v. 6). A palavra aqui traduzida por “forma” é morphê. Esse termo, tanto no grego clássico como no bíblico, significa “conjunto de características que fazem com que uma coisa seja o que é”. Denotando a genuína natureza de uma coisa, morphê contrasta com schêma, que também é em geral traduzida por “forma”, mas no sentido de formato ou aparência superficial, em lugar de substância. O uso de morphê nessa passagem, refletindo a fé da igreja primitiva, insinua uma profunda confiança na plena deidade de Cristo.
Outra passagem significativa é Hebreus 1. O autor, cuja identidade nos é desconhecida, está escrevendo para um grupo de cristãos hebreus. Ele (ou ela) faz várias afirmações que implicam fortemente a plena deidade do Filho. Nos versículos iniciais, o autor argumenta que o Filho é superior aos anjos nota que Deus tem falado por meio do Filho, destacou-o como herdeiro de todas as coisas e fez o universo por meio dele (v.2). O autor descreve, então, o Filho como o “resplendor da glória de Deus” (NVI) e a “expressão exata do seu ser”. Embora talvez possa se alegar que isso só afirma que Deus se revelou por meio do Filho, não que o Filho é Deus, o contexto sugere outra coisa. Além de se identificar como o Pai daquele a quem chama Filho (v. 5), Deus é cifrado no versículo 8 (do Sl 45.6) dirigindo-se ao Filho como “Deus” e no versículo 10 como “Senhor” (do Sl 102.25). O autor conclui observando que Deus disse ao Filho: “Assenta-te à minha direita” (do Sl 110.1). É significativo que o autor bíblico dirige-se a cristãos hebreus, que com certeza estariam imbuídos de monoteísmo, de maneira que inegavelmente afirmam a deidade de Jesus e sua igualdade com o Pai.
Uma consideração final sobre a autoconsciência de Jesus. Devemos notar que Jesus a afirmou diretamente sua deidade. Ele nunca disse simplesmente: “Sou Deus”. Mas várias pistas sugerem que era assim, de fato, que ele se via. Ele afirmava possuir o que pertence unicamente a Deus. Ele falou dos anjos de Deus (Lc 12.8,9; 15.10) como se fossem seus (Mt 13.41). Ele considerava o reino de Deus (Mt 12.28; 19.14, 24; 21.31, 43) e os eleitos de Deus (Mc 13.20) como de sua propriedade. Além disso, ele alegou perdoar pecados (Mc 2.8-10). Os judeus reconheciam que somente Deus podia perdoar pecados e, por conseguinte, acusaram Jesus de blasfêmia. Ele também reivindicava poder para julgar o mundo (Mt 25.31) e reinar sobre ele (Mt 24.30; Mc 14.62).

terça-feira, 19 de agosto de 2014

As teorias do Arrebatamento da Igreja do Senhor Jesus

Jesus prometeu que voltaria para arrebatar a sua igreja, como está escrito: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (Jo 14.1-3). Paulo acrescenta: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1Ts 4.16-17).
O ARREBATAMENTO DA IGREJA
A presente era em relação à verdadeira Igreja, termina com o arrebatamento dos salvos à presença do Senhor. A doutrina do arrebatamento é uma das consideradas mais importantes da escatologia do Novo Testamento (Jo 14.1-3; 1Ts 4.13-18; 1Co 1.8; 15.51,52; Fp 3.20,21; 2C 5.1-9). É também uma das questões em que os estudiosos da Bíblia mais discordam. Todas as discordâncias giram em torno da relação que haverá entre o arrebatamento e a Tribulação. Eles estão divididos nas seguintes teorias:
PARCIALISMO (Arrebatamento Parcial da Igreja)
PÓS-TRIBLACIONISTA (Arrebatamento após a Tribulação)
MESOTRIBULACIONISTA (Arrebatamento no meio da Tribulação)
PRÉ-TRIBULACIONISTA (Arrebatamento antes da Tribulação)
TEORIA DO ARREBATAMENTO PARCIAL
Esta teoria ensina que o arrebatamento ocorre antes da Tribulação, mas apenas os que estiverem totalmente preparados, vigiando e esperando a vinda do Senhor, e tiverem alcançado um certo nível de espiritualidade que os torne dignos de ser incluídos no arrebatamento. Os outros cristãos permanecerão na Terra durante a Tribulação para serem provados e purificados mediante grandes sofrimentos, sendo arrebatados posteriormente. Esta posição tem sido pouco adotada devido a sua semelhança com a doutrina católica do purgatório, segundo a qual o sofrimento pode purgar pecados.
As dificuldades doutrinárias da teoria do arrebatamento parcial.
As seguintes considerações argumentam contra a teoria do arrebatamento parcial.
1)    1 Tessalonicenses 4.16 diz: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Se todos que morreram em Cristo vão ser ressuscitados, certamente todos os que estão vivos “em Cristo” serão arrebatados.
2)    Além disso, em 1 Coríntios 15.51, Paulo diz: “Eis que vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos”. Todos os que estão em Cristo serão transformados no arrebatamento. Isto não inclui naturalmente os que são cristãos apenas de nome.
3)    Se apenas os “dignos” serão arrebatados, quem subirá? Quem pode afirmar que é digno por si mesmo? Nossa posição diante de Deus baseia-se na justiça que há em Cristo, e não na nossa justiça, que não passa de “trapo de imundícia” (Is 64.6).
4)    Os proponentes da teoria do arrebatamento parcial, assim como os que crêem que a Igreja deve atravessar parte da Tribulação ou toda ela, sustentam que a Tribulação é necessária para purificar a Igreja e prepará-la para o Noivo. Esse conceito defende uma espécie de purgatório. Se os santos vivos no fim dos tempos tiverem necessidades de ser purgados pela Tribulação, parece que o Senhor também teria de ressuscitar os santos mortos anteriormente para um período de tribulação antes do seu arrebatamento, já que para Deus não há acepção de pessoas. Um pensamento naturalmente absurdo.
O parcialista precisa colocar parte da Igreja no período tribulacional. Isso é impossível, porque a Igreja representa o corpo de Cristo. Então o corpo subiria incompleto?
Um dos propósitos da Tribulação é julgar o mundo em preparação para o reino a seguir. A Igreja não precisa de tal julgamento, a não ser que a morte de Cristo tenha sido ineficaz. A partir dessas considerações, acredita-se então, que a teoria do arrebatamento parcial não tem como se sustentar.
TEORIA DO ARREBATAMENTO PÓS-TRIBULAÇÃO
Os que defendem essa teoria acreditam que os cristãos passarão pela Tribulação e que o arrebatamento ocorrerá simultaneamente ou imediatamente antes da vinda do Senhor Jesus em juízo. Eles afirmam que o arrebatamento da Igreja e a volta de Cristo para reinar são apenas aspectos diferentes de um único evento que acontecerá no final da Grande Tribulação, justamente antes da derrota da besta e seus seguidores e início do milênio.
Os principais argumentos apresentados a favor dessa teoria são os seguintes:
1)    A volta de Cristo é descrita de várias maneiras, mas em ponto algum é citada como dois eventos separados por um intervalo de sete anos (ou três e meio) de tribulação.
2)    A resposta de Jesus aos seus discípulos sobre os sinais dos fins dos tempos demonstrou que um período de tribulação incomparável (Mt 24.3-22) precederá sua vinda. Outras passagens também predizem tribulação para o povo de Deus (Jo 15.18,19; 16.33).
3)    A ressurreição é identificada com o arrebatamento, todavia Apocalipse 20.4-6 coloca a “primeira ressurreição” após a volta de Cristo para reinar e justamente antes do milênio; portanto o arrebatamento e a revelação de Cristo deverão acontecer ao mesmo tempo.
Os principais argumentos contra essa teoria são:
1)    O período de Tribulação não é um período da Igreja, mas a última semana da visão de Daniel relativo ao trato de Deus com Israel: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo” (Dn 9.24). Também em Daniel 9.25-27. É um período em que Deus irá ocupar-se de Israel e da sua ira contra as nações ímpias (Ap 6.15-17). O período de Tribulação é chamado de “tempo de angústia para Jacó” (Jr 30.4-7).
2)    Paulo declara, em relação à Igreja: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.9). A Igreja tem sofrido e sofrerá muitas dificuldades e tribulações, mas não o grande dia da ira do Senhor Deus.
3)    O Senhor prometeu aos fiéis que eles serão excluídos dessa hora de ira: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra” (Ap 3.10). (Veja também 2Pe 2.9).
4)    Se a Igreja estará na terra durante a Tribulação, por que o testemunho de Deus é atribuído apenas às duas testemunhas? (Ap 11.1-14).
5)    Com respeito à ressurreição registrada em Apocalipse 20.4,5 e referida como a “primeira ressurreição”, uma leitura cuidadosa revelará que os ressurretos mencionados são aqueles que foram decapitados durante a Tribulação, por não aceitarem servir ao Anticristo; nenhuma menção é feita aos santos de toda a era da Igreja, que devem ter sido ressuscitados por ocasião do arrebatamento, antes da Grande Tribulação.
TEORIA DO ARREBATAMENTO EM MEIO A TRIBULAÇÃO
Visão menos comum que o arrebatamento pós-tribulacionista, como explicação para o arrebatamento durante a Tribulação é a teoria mesotribulacionista. De acordo com essa interpretação, a Igreja será arrebatada ao final da primeira metade (três anos e meio) da septuagésima semana de Daniel. A igreja suportará os acontecimentos da primeira metade da Tribulação, que segundo os mesotribulacionistas, não são manifestações da ira de Deus. Ela será arrebatada antes que comece a segunda metade da semana, que segundo essa teoria, contém todo derramamento da ira de Deus. Afirma-se que o arrebatamento ocorrerá junto com o soar da ultima trombeta e a ascensão das duas testemunhas de Apocalipse 11.
A teoria do arrebatamento mesotribulacionista é essencialmente uma via média entre as posições pós-tribulacionista e pré-tribulacionista. Concorda com o pré-tribulacionismo ao afirmar que o arrebatamento da igreja é um acontecimento distinto da segunda vinda de Cristo. Tem em comum com o pós-tribulacionismo as crenças de que a igreja tem promessas de tribulação aqui na terra e necessita de purificação.
Os pontos principais desta teoria são:
A)    A última trombeta, mencionada com relação ao arrebatamento em 1 Coríntios 15.52, é identificada com a sétima trombeta tocada em Apocalipse 11.15, que ocorre em meio à Tribulação (Ap 11.2-3). Se as duas trombetas são a mesma coisa, o arrebatamento ocorre então em meio à Tribulação.
B)    Desde que a Igreja é arrebatada antes da Grande Tribulação (os últimos três anos e meio), a Igreja escapa da “ira” de Tessalonicenses 5.9 e da “hora da provação” de Apocalipse 3.10.
C)    A ressurreição das duas testemunhas em Apocalipse 11.11,12 é declarada como sendo uma referencia ao arrebatamento e à ressurreição dos santos, ou como acontecendo simultaneamente com o arrebatamento.
Argumentos apresentados contra a teoria do arrebatamento em meio a tribulação:
A)    As trombetas em 1 Coríntios 15.52 e Apocalipse 11.15 não são as mesmas. A trombeta de Deus narrada por Paulo é um toque de vitória sobre a morte (1Co 15.52-57). A sétima trombeta narrada por João é uma série de anúncios de juízo sobre os perversos e de triunfo final sobre o reino de Satanás.
B)    As setenta semanas de Daniel tem caráter judaico e, portanto a Igreja não está incluída em parte alguma delas. A ira de Deus é também derramada na primeira metade do período de Tribulação (Ap 6.12-17). Também 1 Ts 5.9; Ap 3.10; 2 Pe 2.9.
C)    As duas testemunhas parecem ser judias, segundo os símbolos do Antigo Testamento – o templo, as oliveiras e os castiçais (Zc 4.3,12), as chuvas deixam de cair e o povo é atacado por pragas (Êx 7.20; 8.1-12, 29). Se a Igreja estivesse na terra, por que Deus designaria profetas judeus para a missão de testemunhar às nações? Até o fim da era da Igreja, é missão desta dar testemunho a todas as nações.
D)   A mesma objeção pode ser feita à posição do arrebatamento em meio a Tribulação, isto é, que essa posição remove a expectativa da vinda de Cristo a qualquer instante. O período da Tribulação começa com a aliança entre o Anticristo e os judeus, um evento que não será oculto. Então seria fácil a partir dessa aliança do Anticristo com os judeus, prever o momento da vinda de Cristo.
A TEORIA DO ARREBATAMENTO PRÉ-TRIBULACIONISTA
Os que defendem o arrebatamento pré-tribulacionista acreditam na interpretação dispensacionalista da Palavra de Deus. A igreja e Israel são dois grupos distintos para os quais Deus tem um plano divino.
Argumentos essências do Arrebatamento Pré-tribulacionista.
Vários argumentos podem ser apresentados em apoio à posição pré-tribulacionista do arrebatamento.
POR TIPOLOGIA BÍBLICA
Deus não igualou Noé e sua família com os pecadores rebeldes e obstinados. Enquanto Noé e os seus não entraram na Arca, Deus não derramou o terrível dilúvio. Enquanto Ló e sua família não saíram de Sodoma, Deus não fez chover fogo do céu. Então porque Deus não livraria também a Igreja da Tribulação? Então, enquanto Jesus não arrebatar sua Igreja, não começará a Tribulação.
Em João 14.3 Jesus prometeu: “E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”. Aqui a vinda de Jesus é com o propósito de receber a Igreja para si mesmo e levá-la para um lugar na casa do Pai; essa não pode ser a mesma vinda com a Igreja para a terra, como sustentam os adeptos da pós-tribulação.
No livro do Apocalipse do capítulo 4 ao 19 nada fala sobre a Igreja, mas trata da Tribulação na terra. Logo se deduz que a Igreja não estará na terra nesse período de Tribulação. Já os capítulos de 1 ao 3 de Apocalipse menciona por 19 vezes a Igreja, e só volta a mencioná-la no capítulo 21 chamando-a de Esposa do Cordeiro.
Os Pré-tribulacionistas crêem que as profecias relativas a Tribulação devem ser interpretadas de forma literal e que o período da Igreja é um tempo misterioso e está estritamente relacionado com o fato de o povo de Isreal ter negado o seu Messias, e por eles o terem rejeitado, os gentios foram enxertados (Rm 11.1-8), esse enxerto deve se completar primeiramente, antes que Deus volte a tratar com o povo israelita. Para que isso seja possível profeticamente é importante que:
1-    A Bíblia seja interpretada literalmente.
2-    A Igreja seja poupada da Grande Tribulação (Ap 3.10).
3-    O arrebatamento seja iminente, pode acontecer a qualquer momento (1 Ts 5.6).
4-    A Igreja esteja isenta da ira futura de Deus (Ap 6.17; 1 Ts 1.10; 5.9)
5-    Haja remoção dos salvos, na remoção do Espírito Santo (2 Ts 2.7,13).
O método de interpretação literal das Escrituras.
É franca e livremente reconhecido pelos pós-tribulacionistas que a controvérsia entre eles e os pré-tribulacionistas é a questão do método de interpretação empregado no tratamento das profecias. Se o método de interpretação literal das profecias for o certo, então a teoria pré-tribulacionista está correta. Dessa maneira podemos ver que a doutrina da volta pré-tribulacionista de Cristo para instituir um reino literal resulta de métodos de interpretação literal das promessas e das profecias do Antigo Testamento. É natural, portanto que o mesmo método de interpretação deva ser também empregado na interpretação do arrebatamento. Seria ilógico construir um sistema pré-milenarista sobre um método literal de interpretação e depois abandonar esse método no tratamento de outras questões relacionadas com o mesmo tema. Podemos observar facilmente que o método literal de interpretação exige um arrebatamento pré-tribulacionista da Igreja.
Não pode haver um método empregado para estabelecer o pré-milenarismo e outro para interpretar as promessas de arrebatamento. O método literal de interpretação, aplicado de maneira coerente, leva necessariamente a outra conclusão: a de que a Igreja será arrebatada antes da septuagésima semana de Daniel.
A natureza da septuagésima semana.
Existem várias palavras usadas no Antigo e no Novo Testamento em referencia ao período da septuagésima semana, as quais, quando examinadas em conjunto oferecem a natureza essencial ou o caráter desse período:
1)    Ira Divina (Ap 6.16,17; 11.18; 14.19; 15.1,7; 16.1,19; 1Ts 1.9,10;5.9; Sf 1.15,18);
2)    Julgamento (Ap 14.7; 15.4; 16.5-7; 19.2);
3)    Indignação (Is 26.20,21; 34.1-3);
4)    Castigo (Is 24.20,21) ;
5)    Hora do julgamento (Ap 3.10);
6)    Hora de angústia (Jr 30.7);
7)    Destruição (Joel 1.15);
8)    Trevas (Joel 2.2; Sf 1.14-18; Am 5.18).
Devemos mencionar que essas referências abrangem todo o período e não apenas parte dele, de modo que todo o período é assim caracterizado.
Desde que a era da igreja termina com o inicio da Tribulação, ela não tomará mais parte nos assuntos terrenos até o milênio.
Não confundir Tribulação com ira vindoura.
Dizem os pós-tribulacionistas que Tribulação não deve ser confundida com ira vindoura, para tentarem fugir das seguintes passagens:
E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1Ts 1.10).
Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.9).
Mas observe que a ira do Cordeiro é derramada no momento em que Ele está em seu trono e que esse período aqui é descrito como tempo da Tribulação (Ap 6.16,17).
Não podemos confundir a Grande Tribulação com a Tribulação que a antecede (Mt 24.6-12), a apostasia, que é apenas o princípio das dores.
O arrebatamento se dará antes da Tribulação, então evidentemente é necessário que o arrebatamento e vinda do Senhor Jesus sejam dois eventos distintos. Pois no arrebatamento Ele virá apenas até as nuvens, não porá os pés na terra, nós iremos ao encontro dele nas nuvens (1Ts 4.16-17). Será num instante, num piscar de olhos (Mt 24.27; 1Co 15.51), será também em secreto.
Na segunda vinda Ele tocará à terra e todo olho o verá (ZC 14.3,4; Ap 1.7). Jesus derrota plenamente o Anticristo (Ap 19.15-21) e seus seguidores desde o menor até o maior (19.18). É a justiça de Deus, Sua ira é vinda sobre os iníquos.
Jesus, depois de derrotar o Anticristo, o Falso Profeta e o Dragão, mandará prender Satanás por mil anos (Ap 20.1-4).
Distinção entre arrebatamento e segunda vinda de Cristo
Devemos observar várias contraposições entre o arrebatamento e a segunda vinda. Elas mostrarão que os dois acontecimentos não são vistos como sinônimos nas Escrituras.
A)    O arrebatamento compreende a retirada dos salvos, enquanto o segundo advento requer o aparecimento e a manifestação de Jesus.
B)    No arrebatamento os santos são levados nos ares, enquanto na segunda vinda Cristo volta à terra.
C)    No arrebatamento Cristo vem buscar a sua Igreja, enquanto na segunda vinda Ele virá com a Igreja.
D)   O arrebatamento resulta na retirada dos salvos e na instauração da Tribulação, enquanto na segunda vinda será instaurado o reino milenar.
E)     O arrebatamento pode acontecer a qualquer momento, enquanto a segunda vinda será precedida por uma multidão de sinais.
F)     O arrebatamento está relacionado ao plano para a Igreja, enquanto a segunda vinda está relacionada ao plano para Israel e para o mundo.
G)   O arrebatamento deixa o mundo intacto, enquanto a segunda vinda implica em mudança mundial.
Essas e outras contraposições que poderiam ser apresentados apoiam a alegação de que o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo não podem ser confundidos como um mesmo acontecimento.
OS 144 MIL SELADOS
Enquanto a Igreja estiver na terra não existirá um relacionamento exclusivamente judaico para com Deus. Todos os salvos independentes de raça tem uma posição no Corpo de Cristo, conforme indicado em Colossenses 1.26-29; 3.11; Efésios 2.14-22; 3.1-7. Durante a septuagésima semana, a Igreja estará ausente, pois dos salvos restantes em Israel Deus sela 144 mil judeus, 12 mil de cada tribo de acordo com Apocalipse 7.14. O fato de Deus lidar novamente com Israel nesse relacionamento nacional, separando-o por identidade nacional e mandando-o como representante às nações no lugar das testemunhas da Igreja, indica que a Igreja não deve estar mais na terra.
A CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS DO LIVRO DE APOCALIPSE
Ao lidarmos com as posições mesotribulacionista e pós-tribulacionista sobre o arrebatamento a cronologia de Apocalipse foi examinada. É mencionada a
qui apenas como uma evidência a mais para a teoria pré-tribulacionista.
1)    Os capítulos 1-3 apresentam o desenvolvimento da Igreja na presente época.
2)    Os capítulos 4-11 abrangem os acontecimentos de toda a septuagésima semana de Daniel e concluem com o retorno de Cristo para reinar na terra.
Desse modo os selos ocorrem nos primeiros três anos e meio, e as trombetas se referem aos últimos três anos e meio. De acordo com as instruções dadas a João em Apocalipse 10.11, os capítulos 12-19 examinam a septuagésima semana novamente, dessa vez com o objetivo de revelar os atores no palco dessa trama histórica. Essa cronologia torna impossível a perspectiva mesotribulacionista, pois o suposto arrebatamento mesotribulacionista de 11.15-18 é na verdade o retorno de Cristo a terra e não o arrebatamento. Isso fornece mais evidências para a posição do arrebatamento pré-tribulacionista.
CONCLUSÃO
Os pré-tribulacionistas consideram a Igreja distinta de Israel, ou seja, fatos ocorrerão com Israel e outros fatos distintos ocorrerão com a Igreja. Não podemos interpretar Igreja como Israel, ou vice-versa, pois se for assim, (Igreja igual a Israel), então a Igreja passa pela tribulação, pois é dito em Apocalipse 13.7 que foi permitido ao Anticristo fazer guerra aos santos, logo os santos estão presentes durante a Tribulação, e isto é um fato. A questão aqui é definir quem são esses “santos”. Na visão pré-tribulacionista esses “santos” se refere a Israel e não a Igreja.
A Igreja é um só corpo com Cristo, é o próprio Corpo de Cristo (Ef 4.12; 1Co 12.27) e isto significa que Ele já pagou o alto preço por sua Igreja, sofrendo na cruz, e se a Igreja tiver que passar pela Tribulação, então o Corpo de Cristo terá de sofrer novamente e isto é no mínimo incoerente (Jo 5.24).

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Arrebatamento da Igreja

A palavra “arrebatamento” não aparece na Bíblia. O conceito de Arrebatamento, entretanto, é claramente ensinado nas Escrituras. O Arrebatamento da igreja é o evento no qual Deus remove todos os crentes da terra para abrir caminho para que Seu justo julgamento seja derramado sobre a terra durante o período da Tribulação. O Arrebatamento é descrito principalmente em I Tessalonicenses 4:13-18 e I Coríntios 15:50-54. I Tessalonicenses ...4:13-18 descreve o Arrebatamento como Deus ressuscitando todos os crentes que já morreram, dando a eles corpos glorificados. “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (I Tessalonicenses 4:16-17).
I Coríntios 15:50-54 focaliza na natureza instantânea do Arrebatamento e nos corpos glorificados que receberemos. “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (I Coríntios 15:51-52). O Arrebatamento é o acontecimento glorioso que devemos todos esperar ansiosamente. Finalmente ficaremos livres do pecado. Estaremos para sempre na presença de Deus. Há excessivo debate a respeito do significado e magnitude do Arrebatamento. Esta não é a intenção de Deus. Mas ao invés disso, no que diz respeito ao Arrebatamento, Deus quer que “encorajemos uns aos outros com estas palavras.”